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Hemoterapia: Quando devo transfundir?

Dando continuidade ao conteúdo de hemocomponentes e hemoderivados, postado anteriormente aqui no nosso HUB, (Hemocomponentes e hemoderivados – VeteduKa Hub) hoje falaremos sobre as indicações de quando eu devo transfundir meu paciente, qual critério eu vou me basear para saber se meu animal vai precisar ou não de uma transfusão.

Gatilho de transfusão: Quando eu devo transfundir?

De acordo com o esquema do professor Rodrigo Rabelo, que cita  que eu tenho que transfundir em um paciente com trauma, quanto eu tenho 30% de Hematócrito ou 10g/dl de Hemoglobina, se meu animal está em sepse, eu devo transfundir quando eu tenho hematócrito de 24% ou 7g/dl Hemoglobina. 

Devemos observar a cronicidade, o tempo de evolução dessa doença, quando é um trauma, eu tenho mecanismos de compensação que não conseguem realizar essa compensação pois o evento é muito agudo, já na sepse o evento é mais crônico, então da tempo do organismo lançar mecanismos de compensação, sendo possível deixar os valores hematócrito e de hemoglobina diminuir.

Será que devo me basear somente em números, ou devemos avaliar a idade e a doença desse paciente para tomar a decisão?

Na medicina humana, do 7º ao 10º dia de internação dos pacientes críticos foram realizadas as transfusões sanguíneas, e o real motivo para a maioria dos médicos realizarem a transfusão foi o gatilho transfusional, esperaram chegar o valor x de hematócrito para realizar a transfusão, mas será que mais de 50% desses pacientes tinham a mesma faixa etária, será que tinham as mesmas comorbidades, doenças crônicas associadas? 

Doenças crônicas e idades são muito importantes para você poder tomar sua decisão de transfundir ou não um paciente. 

Um paciente que tem uma doença cardíaca, tem uma reserva cardíaca muito menor do que o paciente que não tem, se eu tenho uma queda de hemoglobina, eu tenho uma baixa oxigenação dos tecidos, só que eu consigo com os mecanismos compensatórios, compensar essa queda de hemoglobina em pacientes sem comorbidade cardíaca, se eu tenho um paciente cardiopata, isso já não acontece. 

Paciente mais jovens conseguem ter mecanismos de compensação muito mais reais do que pacientes mais idosos.  

"O paciente idoso com hemorragia por atropelamento, não tem a mesma capacidade de aumentar a pressão sanguínea através do aumento da frequência cardíaca do que um paciente jovem"

Um exemplo de quando transfundir foi de um trabalho, que dividiram em dois grupos, Restritivo e Liberal, onde o Restritivo esperaram a hemoglobina chegar a 7g/dl e o Liberal em 10g/dl, para realizar a transfusão. Foi avaliada e verificada que a mortalidade foi bem menor no grupo restritivo, na análise dos subgrupos, pacientes que estão menos graves e são jovens, pode-se esperar um pouco mais para realizar a transfusão, se eu tenho o paciente mais idoso eu vou realizar a transfusão de uma maneira mais precoce. 

Em outro trabalho, foram realizadas 77 transfusões no total, onde 52 eram de sangue total, e 25 era de concentrado de hemácias, houve uma melhora nos parâmetros clínicos (temperatura retal, frequência cardíaca, frequência respiratória, mucosas e tempo de preenchimento capilar) após 2 horas de início da transfusão. Quando eu tenho uma necessidade real de transfusão sanguínea e os meus parâmetros estão alterados, quando o paciente começa a receber a infusão, 2h após o paciente já tem uma melhora significativa desses parâmetros clínicos, pois esse paciente estava com os mecanismos de compensação para reverter o quadro de perda abrupta ou crônica da perda sanguínea. 

Pacientes com hemorragia, podem tolerar 30% da perda de volume de sangue, mais que isso pode ser fatal, 30ml/kg em cães e 20ml/kg em gatos. Perdas menores que 30% podem ser toleradas e até mesmo repostas com fluidoterapia para se manter a pressão, perdas maiores que 30% necessitam de transfusão. 

Se a transfusão ocorrer no momento errado, eu posso ter consequências clínicas graves para o meu paciente, pois estaremos colocando células de outros pacientes, colocando o nosso paciente em risco. 

Mesmo com hemorragia, dependendo da situação, eu consigo só com a reposição de volume estabilizar meu paciente hemodinamicamente e pensar se meu paciente necessita ou não de transfusão. Pois ele tem uma tendência de repor essas células num período curto de tempo, dependendo da situação que se encontre e dependendo da faixa etária.

Lactato

Um exame importante, fácil e barato para realizar, para saber se esse paciente tem a necessidade de transfusão ou não é o lactato, pois eu consigo mensurar a hipóxia tecidual, mensurar o quanto esse paciente está sofrendo com a falta de oxigenação dos tecidos, e uma boa maneira de saber se a queda de hematócrito e hemoglobina está sendo suficiente para causar um dano na microcirculação. Lactato é um teste muito importante que deve ser feito na rotina o tempo todo, para que se possa avaliar a necessidade de transfusão sanguínea. 

Quando transfundir?

As hemácias são apenas uma parte do que se vai avaliar quando se pensa em fazer a transfusão, o resto tem muito a ver com a mecânica, débito cardíaco, frequência, pre carga, contratilidade, então quando o paciente é mais jovem, ele tem uma possibilidade maior de compensar essa hemoglobina que está caindo, paciente mais idoso tem uma reserva cardíaca diferente.  

Tem que individualizar o paciente, não tratar como um número, avaliar a idade, doenças crônicas associadas, doenças de base, importante prestar atenção no paciente como um todo para obter sucesso na transfusão sanguínea.

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