Uma das coisas que mais complicam a evolução de um paciente que chega para a consulta, é focarmos somente na queixa principal, e esquecermos de algum ponto relevante, que tanto pode piorar a questão principal, como evoluir para uma comorbidade. Pela experiência, podemos colocar a semiologia como uma essencialidade para um bom clínico, e com o chamado “arroz com feijão” eliminamos muitos erros no trajeto do atendimento e tratamento.
Quando estamos falando de PLANTÃO, a coisa se complica um pouco mais, pois as urgências e emergências são a rotina, e com elas não podemos cometer erros, não podemos perder tempo. E aqui uma questão: Não confunda urgência com emergência! Conceituando as duas, a principal diferença entre esses dois estados é que Emergência apresenta ameaça imediata para a vida do paciente, enquanto a Urgência é uma ameaça em um futuro próximo, que pode vir a se tornar uma emergência se não for solucionada.
Saber o estado atualizado do paciente que chega no plantão é o que dará a você norte a seguir. E a partir dele, você poderá aplicar as técnicas e procedimentos que estudou e treinou ao longo do tempo (Você treinou né?). Basicamente o que importa aqui é aplicar a semiologia básica, o “arroz com feijão” bem-feito. Nada de complicar as coisas!
Emergência apresenta ameaça imediata para a vida do paciente, enquanto a urgência é uma ameaça em um futuro próximo, que pode vir a se tornar uma emergência se não for solucionada.
Vamos lá simular um atendimento, independente da queixa, independente da doença que o paciente apresenta:
- Doutora, meu cãozinho está vomitando muito. Começou após o almoço e até agora já são mais de 6 vômitos. O que ele tem?
- Certo Srª! Poderia me passar a idade e raça dele? (veja que aqui, iniciamos com a RESENHA do paciente. Ela pode já nos trazer informações esclarecedoras, como doenças relacionadas a raça, e infecções virais ligadas a filhotes)
Após essa fase inicial, o bom e velho EXAME CLÍNICO. Examinar o paciente como um todo, dirá a você o estado atual dele, e onde deverá focar após essa fase. Do focinho a cauda! Sempre em uma ordem que fará com que você não esqueça nenhum ponto.
A maioria dos pacientes que chegam no plantão exibem algum grau de desidratação, e uma das exigências de internamento, está ligado a isso. Entender as perdas apresentadas, a necessidade hidroeletrolítica para aquele paciente, naquela idade, vai te fazer a iniciar um atendimento eficaz!
Ausculta cardiopulmonar pode revelar sopros, crepitações, abafamentos sonoros, situações que necessitam rápida intervenção pois a urgência pode levar rapidamente a emergência.
Lesões de pele, como mordeduras, podem revelar sangramentos e necessidade de contenção de danos. Importante você avaliar todo o corpo do paciente. Temos a tendência em focar só na lesão mais visível e esquecer que o outro lado também pode possuir lesões.
Aumentos ou diminuição de temperaturas são reveladores. Indicam sinais de infecção em casos mais crônicos como um piometra, ou estados de choque em pacientes hipotérmicos. Atenção deve ser dada ao estado de consciência, pois indica oxigenação em SNC. Um acrônimo interessante de usar é o AVDN, onde A – alerta, V – responde a estímulo verbal, D – responde a estímulo doloroso, N – não responde. Ou seja, do A para o N, a atividade de SNC é menor, indicando quadro clínico e risco pior.
Veja que com esses exemplos de informações coletadas, antes mesmo de mandar exames complementares, você está atuando, diagnosticando e tratando o seu paciente, sem perder tempo, fazendo com que o desfecho seja o mais positivo possível. Importante aqui é também registrar o que está coletando de informações, pois você irá comparar com as próximas informações coletadas, e saber se precisa mudar algo, ou se a sua abordagem terapêutica inicial está no caminho certo!
Triagem sem complicação: Faça o básico bem-feito. Preste atenção em cada detalhe, e atue de maneira eficaz!
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