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Diagnóstico da dermatofitose em cães e gatos

"O diagnóstico da dermatofitose ainda pode gerar dúvidas na rotina clínica, sendo as alterações dermatológicas em geral muito frequentes"

Sempre que falamos de diagnóstico pensamos sobre o padrão ouro para a avaliação de uma determinada suspeita, mas no caso das dermatofitoses ainda não há um método reconhecido como gold standard. Assim, em casos de suspeita de dermatofitose, devemos nos perguntar duas coisas: qual teste pode ser realizado para a confirmação da presença da doença e qual teste pode ser realizado para confirmar a ausência da doença nesse paciente.

O tratamento é iniciado quando há presença da doença, confirmado por algum teste diagnóstico que tenha boa sensibilidade, enquanto que devemos interromper a terapia com base em outro teste que tenha com boa especificidade.

Tendo essas questões em mente podemos pensar sobre os três principais métodos de avaliação da dermatofitose:

• Lâmpada de Wood

É uma metodologia que gera uma certa polêmica, mas que tem uma forma adequada de utilização. Esse é um método é bem indicado em casos de infecções por Microsporum canis, já que a luz emitida pela lâmpada promove a identificação de micro-organismos do gênero Microsporum. Apesar da limitação de espectro de identificação vale lembrar que o Microsporum canis é mais frequente responsável pelas dermatofitoses em nossos pacientes.

É importante treinar nossos olhos para averiguar a fluorescência. A fluorescência é ocorre como resultado de uma interação química que já ocorreu entre o dermatófito e o pelo não indicando, portanto, infecção ativa. Assim, caso o exame com a lâmpada de Wood seja positivo em paciente que tenha histórico e lesões compatíveis, é possível utilizar esse exame como critério para intervenção terapêutica, mas esse exame não deve ser utilizado como critério de finalização da terapia.

A eficiência da avaliação com a lâmpada de wood é dependente da técnica e da experiência do avaliador, portanto, o treinamento da técnica é fundamental para sua utilização com segurança.


"A avaliação deve ser realizada em ambiente escuro, com paciência e tomando-se o cuidado de avaliar todo o pelo paciente. Uma avaliação rápida pode comprometer o resultado, assim como a realização desse procedimento em ambiente iluminado"

Vantagens do método:
1. Possibilidade de ser realizada durante a consulta;
2. Ser um método rápido;
3. Não tem um custo elevado;
4. A informação associada ao exame semiológico dermatológico pode indicar o início do tratamento do paciente.

• Exame direto do pelo:

Pode ser utilizado em pacientes com lesões e histórico compatíveis com dermatofitose. O pelo perilesional é coletado e avaliado diretamente ao microscópio, sendo possível observar estruturas fúngicas na região ao redor das lesões.

Essa metodologia não tem custo elevado, é rápida e pode ser realizada na própria clínica, desde que exista um microscópio disponível para a avaliação. Além disso, a presença das estruturas fúngicas ao microscópio confirma a presença da doença e pode ser utilizado como critério de intervenção terapêutica.

Novamente salienta-se a importância da experiência do avaliador nesse tipo de exame, desde o momento de coleta do pelo até a avaliação microscópica do mesmo.

• Cultura fúngica:

Apesar de alguns autores indicarem a cultura fúngica como um método padrão ouro esse fato não é sustentado pela literatura mais recente. Podemos apontar abrigos ou locais que tenham grande concentração de animais como exemplos. Nesses locais um animal que apresenta lesão dermatológica pode apresentar cultura fúngica positiva e sua lesão não ter sido causada pela infecção fúngica, sendo que o exame pode estar refletindo a contaminação desse ambiente com alta concentração de indivíduos.

"A cultura fúngica é um método de muito sensível, assim quando animais carreadores do dermatótifo são avaliados é possível que o exame resulte em um falso positivo, sendo que isso ocorre com maior frequência em locais com maior número de indivíduos"

Fica claro a importância da associação da avaliação semiológica dermatológica, histórico e os exames para que a identificação ou não de dermatofitose seja precisa.

A utilização da cultura fúngica para a identificação da dermatofitose deve ser criteriosa, observando-se as características lesionais e o histórico, além do resultado. Mas quando precisamos realizar uma avaliação para garantir que a doença não persiste mais no paciente a cultura fúngica tem uma boa indicação, já que já havia a identificação da doença no paciente, assim cultura negativa tem uma boa capacidade de identificar a eficiência da terapia e pode ser utilizada como critério de descontinuidade terapêutica.

A descontinuidade do tratamento para a dermatofitose pode ser indicada quando há regressão das lesões e 2 a 3 culturas fúngicas negativas. A grande desvantagem da cultura é o tempo necessário para realização do exame, que pode levar 14 dias para termos o resultado.

Podemos concluir que a dermatofitose não possui um método padrão ouro de avaliação mas a utilização da lâmpada de Wood, da avaliação direta do pelo e a cultura fúngica podem ser utilizadas como gatilhos para a intervenção terapêutica quando associados a histórico e lesões compatíveis. Além disso, a cultura fúngica pode ser utilizada com êxito para identificar o momento de descontinuidade da terapia, evitando terapias incompletas que vão permitir a recidiva dos sinais e também terapias demasiadamente prolongadas.

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